Sobrevivendo no extremo: aspectos antropológicos da medicina polar antártica

A EACF (Estação Antártica Comandante Ferraz) é uma base brasileira instalada a 130 quilômetros da Península Antártica, em 1984, com atividades iniciadas em 1986, e prestes a ter suas novas dependências inauguradas em 2020. Em janeiro de 2012, a Estação Antártica Comandante Ferraz havia completado 30 anos, com capacidade para 58 pessoas e laboratórios para ciências biológicas, atmosféricas e químicas. No dia 25 de fevereiro de 2012, as instalações da Estação Comandante Ferraz foram alvo de um incêndio durante a madrugada, quando havia mais de 40 pessoas no local. Os ocupantes,  pesquisadores e colaboradores foram transferidos para a base chilena Eduardo Frei Montalva tendo sido resgatados por helicóptero até a base Chilena e de lá transportados em navio para Punta Arenas, no Chile, retornando ao Brasil em vôo . Na Antártica, os brasileiros receberam ajuda de botes poloneses, navios argentinos, ingleses e dos helicópteros da força aérea chilena.  Este episódio levou ao projeto da construção da nova base, e  estimulou o interesse pela área de medicina e biologia humana no programa antártico brasileiro, e pela reflexão antropológica que a questão sui generis da “saúde” antártica suscita.

Tal cenário vem tomando maior visibilidade, com as chamadas para projetos nas áreas de medicina e ciências biológicas e da saúde humana, que atraem um número considerável de pesquisadores que ainda não conhecem a realidade da “sociedade antártica” e tendem a reproduzir em seus projetos as questões relacionadas com as demandas da medicina ocidental, sob o enfoque reducionista da pesquisa biomédica.

O presente projeto surge da detecção de uma carência, a necessidade não só de estudar, conhecer e aprimorar as estruturas e operações logísticas para o exercício da medicina nas condições antárticas e no contexto do apoio ao PROANTAR, mas também de refletir sobre vários aspectos da Medicina Polar, o seu exercício na realidade antártica, e suas características no contexto do território antártico sob o prisma da antropologia da saúde.

As práticas científicas e logísticas implicam em si mesmas a experiência pragmática de ocupação e residência humana nas áreas estudadas, mesmo que temporariamente. Mas não só isto, temos também um contexto político e de relações internacionais promissores para a pesquisa social, digamos transcultural. Os dados coletados nas pesquisas de cada nação compõem um mosaico que reflete a trajetória da própria ciência: do particular ao universal, do Estado ao espaço inter(trans)nacional, da atividade da coleta à análise dos dados científicos, do planejamento à gestão do programa e suas prioridades e do uso territorial da Antártica. Estas práticas são essencialmente objeto de interesse da investigação em antropologia. Clique aqui  para acessar o texto completo.

 

 

 

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