Pesquisa Ecológica de Longa Duração

O sítio de Pesquisas de Longa Duração nos Campos Rupestres da Serra do Cipó – CRSC (Sítio 17) coordenado por Geraldo Wilson Fernandes e Frederico de Siqueira Neves (vice coordenador) foi instalado no ano de 2010 com o objetivo de entender como os mecanismos ecológicos e os processos evolutivos geram e mantêm a biodiversidade e os serviços ambientais em montanhas tropicais e como as mudanças globais os afetam.

Para isso, estudamos o clima, solo e as comunidades de plantas, fungos e vários grupos de insetos ao longo do gradiente de altitude da Serra do Cipó. Os locais variam de 800 a 1400m de altitude, abrangendo o mosaico de tipos de vegetação que ocorrem em toda a serra. As parcelas começam nas terras baixas do Parque Nacional da Serra do Cipó, coberto por cerrado e terminam em suas nas partes altas, dominadas pelo campo rupestre, também dentro do Parque.

Serra do Cipó, distrito de Santana do Riacho no estado de Minas Gerais.

Nossos dados de longo prazo obtidos desde 2010 têm permitido a compreensão do efeito das principais mudanças globais sobre a biodiversidade, sua ecologia e evolução. O projeto, também, tem buscado sintetizar e consolidar o conhecimento sobre as espécies invasoras nos ecossistemas montanhosos, ampliar o conhecimento sobre organismos bioindicadores de mudanças climáticas, e informar sobre serviços ecossistêmicos, como a polinização, manutenção dos recursos hídricos e espécies ornamentais. Além disso, estamos desenvolvendo novas tecnologias de restauração de ambientes extremos, monitorando grupos de invertebrados indicadores da qualidade da água e aprofundando o conhecimento sobre a biodiversidade nas ilhas naturais de floresta atlântica nos cumes do Espinhaço. Finalmente, estamos registrando e modelando como as mudanças globais poderão alterar os ciclos de vida das espécies vegetais através de drones e de uma rede de estações de monitoramento climático de ultima geração com câmeras digitais fotografando a vegetação em tempo real.  

Marcetia
Drosera tomentosa

Vários dos resultados do Sitio CRSC  já  foram  publicados em periódicos e livros nacionais e internacionais e rapidamente traduzidos para a sociedade. O conhecimento gerado alimenta novas perguntas, abre uma avenida de novas pesquisas e fornece respostas sobre os impactos ambientais em montanhas.  O PELD-CRSC continua seu monitoramento bioclimático, expandindo-se agora para investigar dimensões adicionais da biodiversidade, como diversidade funcional e filogenética, interações mutualísticas e os fatores espaço-temporais de mudança na diversidade e distribuição das espécies. Essas descobertas nos permitirão implementar redes de espécies-habitat para melhorar o manejo da paisagem. Tais conhecimentos formam a base ecológica para políticas que conduzirão a efetiva conservação das espécies, ecossistemas e serviços ambientais em altos de montanhas tropicais.