Novos resultados sobre os impactos de Fundão na biodiversidade do Rio Doce
Há quase oito anos, Minas Gerais vivenciava um dos maiores desastres ambientais do país causados pela mineração, o rompimento da barragem de Fundão, Mariana. O desastre trouxe não só a perda imediata de parte da cobertura vegetal, de alguns animais e microrganismos, mas também mudanças nas configurações da paisagem, nas condições da água e do solo.
Devido a gravidade do impacto, ainda hoje, as sequelas dessas mudanças abruptas podem ser notadas na biodiversidade e na saúde ambiental. Para compreender melhor os impactos dessas mudanças na biodiversidade e buscar estratégias de recuperação da Bacia do Rio Doce, pesquisadores do projeto Biochronos (APQ 0031-19, Fapemig/Renova) se encontraram no Instituto de Ciências Biológicas da UFMG para apresentar resultados no II Workshop do projeto.
A equipe é formada por pesquisadores de 16 áreas do conhecimento (Genética, Ecologia funcional, Morfometria, Microbiologia, Fitossociologia, Ciclagem de nutrientes, Fisiologia vegetal, Herpetofauna, Gafanhoto, Borboleta, Abelha, Minhoca, Insetos aquáticos, Sensoriamento remoto, Engenharia e Comunicação da ciência). São mais de 100 colaboradores, entre professores e alunos de graduação e pós-graduação provenientes de instituições brasileiras e internacionais.
Os resultados apresentados no evento indicam aspectos de funcionamento ecossistêmico que precisam ser considerados nas políticas públicas relacionadas ao impacto do desastre, bem como medidas mitigadoras para restauração da mata ciliar da Bacia do Rio Doce.
Os pesquisadores destacaram a relevância da conservação dos ecossistemas em torno da bacia, onde foram detectadas novas espécies da fauna e ao menos 8 espécies vegetais com algum grau de ameaça. As pesquisas apontaram que as mudanças drásticas causadas pela deposição de lama proveniente da barragem de Fundão ao longo da bacia interferiram na abundância e riqueza de espécies vegetais, tanto arbóreos como regenerantes (juvenis).
Algumas plantas encontradas nas áreas impactadas tiveram seu desenvolvimento, metabolismo e saúde afetados. Os primeiros resultados também apontaram possíveis impactos na ciclagem de nutrientes. Além disso, o desastre alterou o desenvolvimento e formação de diferentes organismos e a composição de algumas espécies, como borboleta, gafanhoto e insetos aquáticos. Outro destaque do evento foi a apresentação de uma estação de monitoramento climático e de biodiversidade construída para avaliar a evolução da recuperação das áreas afetadas pelo rompimento da barragem.
Por fim, o workshop foi complementado por um treinamento de mídia, que apresentou as metodologias e técnicas de divulgação e comunicação da ciência para redes sociais, imprensa e audiovisual. Confira no vídeo: