Desde a revolução industrial, a constante emissão de gases efeito estufa na atmosfera parece ter rompido o frágil equilíbrio natural do clima terrestre. O incremento desses gases na atmosfera gerou um aumento da temperatura do planeta, além da intensificação de eventos climáticos como secas, chuvas concentradas, furacões, ciclones e ondas de calor nas mais diversas partes da Terra. Os relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) alertaram para cenários caóticos já nos próximos anos, o que gerou um alerta mundial sobre o risco de calamidade pública em grandes centros urbanos (de inundações a falta de água) e crise na agricultura e produção de alimentos. Ainda segundo o IPCC, mesmo que as emissões sejam estabilizadas nos níveis atuais, mudanças já ocorreram no planeta afetando de diferentes formas os mais diversos ecossistemas, bem como suas comunidades, espécies e as interações entre elas. O Brasil, em seu extenso território, apresenta diversos biomas caracterizados principalmente por clima e vegetação específicos e alterados pelo homem de diferentes formas. Porém, mesmo com todo este alerta acerca dos efeitos adversos resultantes das mudanças do clima terrestre, no Brasil ainda existem poucos estudos com resultados concretos sobre como espécies nativas ou cultivadas responderão a essa combinação de adversidades climáticas e como a interação entre plantas e demais espécies será afetada.

Para compreender esse futuro cenário de mudanças climáticas, o laboratório apresenta uma estrutura física, localizada no Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, composta por um um sistema de câmeras que podem simular qualquer condição climática e mudança atmosférica ambiental. Neste projeto, as câmeras  têm sido utilizadas para avaliar os futuros impactos do aumento do dióxido de carbono (CO2) e da temperatura previstas 2100 no estabelecimento vegetal, crescimento, fisiologia, produção e viabilidade de sementes de espécies nativas e agrícolas, e seus reflexos na interações com herbívoros, polinizadores e microrganismos.  Esperamos que os conhecimentos gerados deste projeto possam contribuir a mitigar os impactos negativos das mudanças climáticas sobre a conservação ambiental, agricultura e segurança alimentar.