Isolamento e Confinamento na Antártica

Nosso grupo de pesquisa MEDIANTAR tem como um dos objetivos compreender as respostas fisiológicas aos desafios impostos na Antártica pelos ambientes ICE: isolados, confinados, frios (cold) e extremos – presentes nos acampamentos, navios e nas estações de pesquisas, como a Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF). Nas condições ICE pode-se experimentar sensações de risco e incerteza, momentos de tédio, de monotonia e privação sensorial. Outra característica inerente a algumas situações ICE é a redução da exposição à luminosidade e a redução da quantidade de atividade física. Além disso, há ambientes ICE em que a convivência ocorre apenas em pequenos grupos – uma situação similar ao que muitos de nós estamos experimentando agora durante a pandemia de COVID-19, restritos a uma convivência constante e intensa, com poucas pessoas e com restrição de contato com outros familiares e amigos. Nos navios, experimenta-se o isolamento físico dos familiares e o confinamento, com espaços restritos e as rotinas repetitivas. Em acampamentos, além do distanciamento físico do círculo social, a convivência é restrita a um pequeno grupo, por períodos de trinta a setenta dias. Já na EACF, há um grupo pessoas que enfrenta todo o período de inverno em isolamento geográfico, embora em intenso convívio social, sob a forma de confinamento. Contudo, de forma diferente da maioria da população mundial submetida ao isolamento em suas casas deste o início da pandemia, este grupo passou por um longo período de intensa preparação para enfrentar tanto o trabalho e a rotina de manutenção da EACF, como o período de isolamento e confinamento em um ambiente extremo. Ao nos debruçarmos como pesquisadores no estudo das estratégias fisiológicas e psicossociais empregadas nos ambientes ICE, podemos sugerir práticas que minimizam os efeitos do confinamento social para a melhoria do bem-estar neste momento, tais como o estabelecimento de uma rotina, a manutenção da atividade física, a exposição à luminosidade natural e a prática de atividades gratificantes e que ofereçam variedade de estímulos, além da manutenção de uma rede de suporte social e econômico.

O MEDIANTAR, em campo na Antártica, na rotina de laboratório ou em atividades remotas, continua trabalhando na compreensão das alterações fisiológicas no contexto da Antártica, bem como atento aos possíveis recursos para a manutenção da saúde e orientações para o bem-estar nos ambientes ICE.

 

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